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Diamante Hope

8 ago, 2024 | Curiosidades, Gemologia

A origem desse diamante extraordinário é envolta em histórias no mínimo interessantes.

Mais importante que uma gema histórica, o diamante Hope é cientificamente considerado um dos diamantes mais raros já encontrados. Formado há mais de 1 bilhão de anos, no manto superior, a 150 km da crosta terrestre, ele apresenta na sua estrutura cristalina o elemento boro, responsável pela sua cor azul.

Em 1988, o GIA (Gemological Institute of America) classificou o diamante Hope como VS1 e cor “fancy dark grayish blue” (azul acinzentado fancy escuro). Ele também exibe uma forte fosforescência vermelha depois de estimulado por luz ultravioleta de onda curta.

Os diamantes que possuem boro na sua estrutura são classificados como tipo IIb. Menos de 0,1% de todos os diamantes naturais são do tipo IIb. Ou seja, são extremamente raros, ainda mais no tamanho excepcional do Hope (25.60 mm × 21.78 mm × 12.00 mm). Hoje com 45,52 quilates (9,104g), ele tem a sua cronologia iniciada no século XVII.

Provavelmente encontrado na mina de Kollur, em Golconda na Índia, foi comprado pelo comerciante Jean Baptiste Tavernier com um pouco mais de 112 quilates (ct). Mas reza a lenda que ele foi roubado do olho de uma estátua de uma deusa, num templo hindu, e por isso foi amaldiçoado. Acreditar em mistérios e conspirações e tentar desvendá-los faz parte da essência do ser humano.

Desenho original do diamante azul – Jean Baptiste Tavernier

De volta a Versalhes, Tavernier vendeu a pedra preciosa para o rei Luís XIV (o Rei Sol) da França em 1668. O rei teria pago o equivalente a 150 quilos de ouro puro pelo diamante de azul intenso acinzentado. Foi relapidada poucos anos depois pelo joalheiro da corte Jean Pittan, finalizando com cerca de 67 quilates (ct). Recebeu a lapidação “rosa de Paris” com formato triangular, e foi nomeado Le Bleu de France (Diamante Azul da Coroa/French Blue).

Tendo herdado o diamante, o rei Luís XV, em 1749, encomendou ao seu joalheiro Pierre-André Jacquemin, uma joia que incluísse a pedra na insígnia da Ordem do Tosão de Ouro. A belíssima criação apresentava pedras preciosas importantes: o Diamante Azul da Coroa; um espinélio vermelho de 107 quilates (ct), Côte de Bretagne, lapidado em forma de dragão; o diamante hexagonal Bazu de cerca de 32 quilates (ct); safiras amarelas e centenas de diamantes tanto incolores, como pintados de vermelho ou amarelo.

1. Diamantes incolores, 2. Diamante Bazu, 3. Espinélio vermelho Côte de Bretagne, 4. Safiras amarelas, 5. Diamantes incolores pintados de amarelo, 6. Diamante Azul da Coroa, 7. Diamantes incolores pintados de amarelo.

O diamante Le Bleu de France ficou na família real por três gerações, até que em setembro de 1792, durante a Revolução Francesa, o diamante foi saqueado junto com outras joias da coroa.

Em 1812, apareceu em Londres, nas mãos do joalheiro Daniel Eliason, um diamante de azul intenso, magnífico, com 45,54 quilates (ct) e formato oval, cuja origem ninguém conseguia determinar. Somente em 2008, após muita disputa e pesquisa científica, foi oficialmente confirmado que o diamante Hope era o Le Bleu de France.

É provável que a pedra tenha também pertencido ao rei britânico George IV. Mas não existe esse registro nos arquivos reais de Windsor.

Em 1830, o banqueiro Henry Philip Hope comprou a pedra magnífica e a rebatizou, passando a se chamar diamante Hope. Após sua morte em 1839, seus sobrinhos disputaram sua herança na justiça durante dez anos. Da coleção de gemas, coube ao sobrinho mais velho, Henry Thomas Hope, oito das pedras mais valiosas, incluindo o Hope. O neto de Thomas, Lorde Francis Hope, herda o diamante em 1887. Com dificuldades financeiras, Francis vende a pedra em 1901 para quitar suas dívidas.

Após várias mudanças de donos, o Hope é comprado por Pierre Cartier em 1910. Alguns estudiosos acreditam que toda a história de mistério e infortúnios está surpreendentemente ligada a Cartier. Ele foi a primeira pessoa a afirmar que a pedra foi roubada da estátua de uma deusa e que Maria Antonieta, rainha da França, tinha usado o diamante antes de ser decapitada durante a revolução francesa.

E foi toda essa história da maldição do diamante Hope, mais o fato de ter pertencido à realeza francesa, que o ajudou a vender essa raridade a socialite americana Evalyn Walsh McLean. Ela e seu marido, Ned McLean, compraram a pedra em 1911 de Pierre Cartier. Conhecida por suas excentricidades, ela pendurava o Hope na coleira do seu cachorro durante as festas na sua mansão. Após a morte de Evalyn, o joalheiro americano Harry Winston comprou em 1949 toda a sua coleção de joias, incluindo o diamante Hope.

A lenda da maldição do diamante acabou sendo reforçada pela atriz americana May Yohé que fora casada com Lorde Francis Hope. Depois de divorciada de Francis, May procurou vender a história da maldição a produtores de cinema de Hollywood. A história do diamante se transformou em um filme, que incluía diversas liberdades criativas sobre mortes atribuídas à maldição. Ela estrelou o filme The Hope Diamond Mystery em 1921.

Harry Winston nunca acreditou nas maldições atribuídas ao Hope. Em 10 de novembro de 1958, ele doou o diamante para o Museu de História Natural do Instituto Smithsonian em Washington, DC – na esperança de ajudar os Estados Unidos a estabelecer uma coleção de gemas importantes.

Um diamante único, inigualável, pela sua beleza e raridade. Quanto a sua lenda, acreditando ou não na sua maldição, com certeza, ela ajudou o Hope a ser um dos diamantes mais conhecidos no mundo.

*foto de destaque: https://www.cartier.sg/en-sg/collections/jewellery/high-jewellery/exceptional-stones/hope-diamond-1910.html

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